segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Espero


Vem depressa,
fica junto,
satisfaz por alguns segundos,
e então
sem aviso, vai embora.
Me deixa, sem paz,
sem descanso,
esperando que um dia,
a felicidade volte.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Questões de oportunidade


Duas garotas a muito tempo amigas, se encontravam sentadas no sofá conversando sobre os últimos acontecimentos na cidade.
- Helena - disse a da esquerda, de cabelos pretos e olhos castanhos - eu pensei que eles fossem um casal perfeito.
- Como as aparências enganam, não? Eu também pensei que ela nunca sequer pensaria em trai-lo.
Margarida, como se chamava a menina de cabelos pretos, fitou Helena com curiosidade e perguntou:
- Você teria coragem de trair o Luan? Helena riu, entortando o pescoço pra trás, seus cabelos cacheados foram pra frente e pra trás quando ela voltou a sua posição normal.
- Eu nunca faria uma coisa dessas - disse com veemência - se não sabe ser fiel porque namoram? Se for pra namorar tem que ter respeito um com o outro. A fidelidade é nada mais que respeito, e eu tenho isso de sobra . E tenho sorte de namorar um quase santo. Pra mim trair é uma questão de falta de respeito.O que você acha?
- Eu acho que trair é uma questão de sentimento.
Margarida admirou a amiga por pensar daquela forma, pois, ela mesma já tivera muitos namorados e traíra vários deles.
Dois dias depois quando Helena saia de seu apartamento bateu a canela em uma caixa que fora deixada no chão. A porta do apartamento da frente se abriu quando Helena gritou.
- Ah! me desculpe querida - disse a velhinha da porta da frente - Eu não devia ter deixado essas coisas na frente da sua porta, mas, o corredor é tão apertado.
- Tudo bem, não foi nada.
Helena ajudou a velhinha a colocar as caixas mais pra perto da sua própria porta, isso mesmo caixas. Mas Helena nem sequer se deu ao trabalho de pensar nas caixas na porta da casa da velhinha. Ela pensava em Luan, seu namorado, que de um dia para o outro subitamente foi promovido do cargo de melhor amigo para namorado.
No outro dia, quando Helena saia de seu apartamento não tombou em nenhuma caixa, mas, ao mesmo tempo em que fechava sua porta a porta da frente se abriu e nada de velhinha. Quem saiu pela porta foi um garoto. Helena deixou seu olhar se recair sobre ele alguns segundos a mais do que o necessário. Mas logo se lembrou de que tinha um namorado e que aquele garoto fortão só podia ser um daqueles ratos de academia, grosseirões e idiotas.
Foi seguindo pelo corredor ouvindo os passos do garoto atrás de si, e se perguntando o que ele estaria fazendo no apartamento da velhinha. Sentiu a chave escorregar entre seus dedos quando ia coloca-la na bolsa.
Antes que pudesse pegá-la o garoto a pegou.
- Oi - disse ele rindo, e entregando as chaves na mão de Helena - sou seu novo vizinho.
De perto ele era ainda mais bonito do que de longe, quase duas cabeças maior que Helena e ela teve que se inclinar toda pra conseguir enxergar os olhos dele.
- Hãã.. - conseguiu dizer.
Pegaram o elevador juntos, e conversaram. Ian era um cara incrível, inteligente, simpático, bonito. E tudo o mais.
Quando saiu do elevador Helena partiu direto para o trabalho esquecendo completamente de Ian enquanto trabalhava. Só mais tarde quando voltava pro prédio cheia de compras foi que o encontrou. Mais uma vez os dois entraram juntos no elevador, só que desta vez quando a porta do elevador finalmente se fechou houve um solavanco derrubando todas as compras de Helena no chão e após isto mais nada, nenhum movimento, nem de sobe, nem de desce. Nada. O elevador havia emperrado.
- Bem acho que vamos ficar aqui por um longo tempo - disse Ian.
Helena engoliu em seco, e seu ultimo pensamento foi ' trair talvez seja apenas uma questão de oportunidade'.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Expectativa


Tentei estudar, tentei ler, tentei comer, tentei jogar vídeo-game, andar de patins, mas, nada impedia que eu parasse de esperar. Nenhuma dessas atividades conseguiam tirar a espera da minha cabeça, e eu tanto esperava era por algum motivo que o fizesse querer falar comigo, uma ligação, uma mensagem, um recado sequer, eu não me importaria nem se fosse em sinais de fumaça no céu, desde que ele falasse comigo.
Posso até mesmo dispensar palavras como "te amo", "tenho saudades", "sonhei com você", não preciso de nada disso para que eu já me sinta bem. Eu só preciso dele, de falar com ele, não importo de falar sobre o clima, sobre as previsões para 2012, a vida do Obama ou qualquer outra coisa, eu só preciso falar com ele, ouvir sua voz mesmo que dizendo as coisas mais enfadonhas. Mesmo que não dizendo nada, mas, me ouvindo.
Fiquei observando o teto sob minha cabeça, tentando escolher um padrão significativo para os risquinhos nele. E foi então que o celular em baixo da minha coxa vibrou. Dei um pulo com o coração já acelerado, respirando pela boca.
O peguei na mão, o visor me dizia "numero desconhecido", eu segurei entre os dedos e tentei me acalmar. E se fosse ele?
- Alô - eu falei baixinho tentando ver se minha voz, sairia quando eu atendesse. E então atendi.
- Oi - falei de verdade dessa vez.
- Mariana?
Eu reconheci a voz da minha professora de matemática, e me lembrei da promessa dela hoje de manhã: " vou ligar pra sua mãe hoje, preciso falar do seu péssimo rendimento escolar".
Eu ainda continuei a esperar, mesmo após o decreto final de três meses de castigo, determinado por minha mãe.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Virar a pagina


Sempre chega um momento na vida em que você tem que deixar de lado aquela bicicleta velha que já nem te cabe mais, e que você continua andando, insistindo que se encontrar alguém que solde melhor a roda ela não cai mais, e depois assume que aquela é a melhor bicicleta que já teve na vida. Mas tua vida já acabou?. Inevitalmente você vai ter que deixá-la de lado, um dia.
E uma vez que fizer isso não tem como retornar, está acabado, não se pode retornar a pagina anterior do livro da vida.E se retornares não será como antes, será apenas uma imitação fajuta do que é progredir.
A pagina, daquele amor de infância que hoje só te faz sofrer e não ajuda em nada, e que um dia você percebe que tem de passar que o amor um dia tem que ir embora, que não vale a pena fingir que ama alguém cujo seu coração nem reage mais a ele, fica adormecido como sempre antes de você conhecê-lo. E então um dia você acorda mais leve, sem o tal do peso na consciência, e tu sabe, que daqui pra frente vai ser diferente talvez melhor, talvez pior, mas não se pode deixar de notar que alguma coisa mudou.
Há ainda aqueles que preferem virar uma nova pagina a cada dia, que se apaixonam a cada dia, que aprendem uma mania a cada dia, que descobrem um esporte novo a cada dia, que são uma pessoa a cada dia. E talvez algum dia descobrem uma pagina ao qual queiram viver pra sempre, ou talvez esta já tenha passado.
Só vivo pensando nas pequenas letras que ando escrevendo nos meus rascunhos imperfeitos da vida, só ando dizendo que não sei o que fazer, e nem pra onde ir, vivo interpretando mal os sentidos com que vêem falar comigo, e então me pergunto se não esta na hora de virar, de mudar de pagina, de tentar recomeçar a vida por um ponto perdido. Como resposta a essa pergunta eu digo que sim.