segunda-feira, 19 de julho de 2010

O Homem-Galinha


- Você ainda vai se lembrar de mim amanhã de manhã? – perguntei novamente.
- Pela milésima vez, eu vou me lembrar de você amanhã, depois e depois, todos os outros dias da minha vida. Sempre.
A resposta foi convincente, bonita, e o retorno á ela seria entortar o pescoço de lado, dar um sorrisinho e limpar a humidade dos olhos. Eu não fiz nada disso.
Antes mesmo que eu conseguisse aprender meu próprio nome me apresentaram por meio de fotos e lendas uma espécie humana chamada ‘homem-galinha’.
É o tipo de garoto capa de revista, por quem você se apaixona antes mesmo de saber o nome, aquele que nunca passa despercebido nos lugar e que sempre tem uma garota por quem esperar. Distribui telefones aos montes e é de praxe receber as várias ligações de madrugada, das garotas que se intitulam namoradas, ou talvez apenas especiais e que nem isso são, ou melhor, não para ele. Sempre tive medo dessa espécie pelo motivo mais simples, um homem-galinha não é nada repulsivo, na verdade ele é apaixonante quando você o olha de longe logo pensa em tirar os olhos antes que apenas aquele olhar possa fazer alguma diferença. Uma coisa é o olhar de longe outra bem diferente é quando ele vem falar com você, descobre-se então um garoto atencioso, carinhoso, engraçado e que se diz louco por você. Encantam-se, sempre nos encantamos, e foi isso o que me aconteceu. Essa parte é fácil prazerosa, mas, se sabe o que vem depois.
Quando voltei a mim, já ligava pra ele á noite também, não tinha nada a dizer apenas queria ouvir a sua voz, sentir ele pelo telefone. Então fiquei enrolando tentando receber uma conta de telefone alta demais e ser obrigada a ficar sem celular, assim eu não ligaria mais e não teria que queimar o cérebro tentando pensar em alguém que ligaria para ele depois de mim. Vou levando até o limite da minha desconfiança, até que um dia eu consiga confiar no meu, no delas, no nosso homem-galinha.

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